Há quem diga que não foram muitos os que ouviram o primeiro álbum dos Velvet Underground quando foi editado, em 1967, mas os que ouviram formaram uma banda. Neste caso, não sei se haverá muita gente que conheça este livro, mas quem o lê começa a escrever. Pelo menos, e mandando desde já a modéstia para as urtigas, foi o que aconteceu comigo. Não importa se o livro é sobre a decadência de uma família abastada do sul dos EUA, nos anos após a guerra civil. Não importa muito a história. Importa a estrutura. Este livro é um ser-vivo. Primeiro, há a parte orgânica, em que se consegue quase cheirar o sangue, o suor dos ex-escravos negros e mesmo o sexo. Depois há algo que eu não consigo explicar muito bem. Apenas que o livro não é o mesmo de cada vez que se lê. As frases não são estáticas. É algo que está na estante, mas que está em movimento perpétuo. A primeira parte do livro, em que tudo é relatado através da visão de um cidadão portador de deficiência mental (acho que agora é assim que se diz) é algo que eu nunca tinha lido nem voltei a ler. Devo ter percebido cerca de 50% do livro. Não é fácil. Mas é recompensador.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
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