Texto escrito por José Pacheco Pereira...
Publicado no Jornal "Publico" de 03.05.2008.
"Nesse momento, em que o dinheiro que se levava para casa começa a faltar, a  mulher começa a fazer contas e a cortar nas despesas. E não corta no pão, no  infantário, na luz, na casa, no telemóvel - há-de vir a cortar - corta nas suas  despesas, nas despesas consigo. Vai menos vezes ao cabeleireiro, arranja-se  menos, compra menos roupa, tudo coisas que parecem fúteis para quem tem tudo,  mas que representam um caminho para uma menor auto-estima, um desleixo que pode  vir a crescer com os anos, se passar definitivamente de operária a dona de casa.  É um caminho invisível, um passo atrás em que ninguém repara a não ser as  próprias.
Elas sabem o que é não ter emprego, ou ter que mudar para outro  emprego menos qualificado, mais solitário, mais dependente, socialmente menos  reconhecido. Elas sabem que podem fazer menos coisas sozinhas, com o seu  dinheiro, sem prestar contas a ninguém. Elas sabem o que significa ficar mais  dependente do marido ou dos pais, ter menos esperança para os filhos, desistir  de coisas que achava até então possíveis: umas férias baratas no Algarve, um  carro melhor, mais visitas às lojas do Arrábida Shopping, não para ver as  montras, mas para entrar lá dentro e comprar aquela roupa para o "bebé", ou  aquela blusa. E sabem que saem menos e vêem mais televisão."
Para ver o texto completo:
Desemprego
domingo, 4 de maio de 2008
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2 comentários:
Mas eu pensava que eramos nós o sexo forte. De repente tudo se desmoronou, como um simples castelo de cartas...
Enfim!Tantos anos como comentador residente de todas as televisões que tivessem dispostas a fazer fretes ao psd começam a compensar. A malta a certa altura farta-se de fazer parte da maioria, até porque de momento não o faz,e brinca à oposição amiga do povo, o nosso povo, aquele povo que é mais povo quando os patrões do nosso ex maoísta estão no governo...G
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